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25 anos de unidade do euro
24 de maio de 2023
O euro é mais do que uma moeda, afirma a presidente Christine Lagarde. Representa a integração europeia na sua vertente mais forte e uma Europa unida que trabalha em conjunto, protegendo e beneficiando todos os cidadãos. Com o seu compromisso de estabilidade de preços, o BCE será sempre uma pedra angular deste esforço.
O Banco Central Europeu foi instituído em 1 de junho de 1998 para preparar o lançamento do euro – a maior transição monetária de sempre a nível mundial. Trabalhava na altura como advogada e recordo o ritmo frenético com que revimos contratos baseados em taxas de câmbio que em breve desapareceriam. Poderia a moeda comum funcionar realmente? Hoje, ao celebrarmos o 25.º aniversário desta instituição, sabemos que o euro não só funciona, como conseguiu reforçar a coesão europeia.
Investidos pelos governos da União Europeia com a missão de zelar pelo euro, os nossos colaboradores em Frankfurt am Main, juntamente com os colegas dos 20 bancos centrais nacionais da união monetária, trabalham incansavelmente para desempenhar o nosso mandato de manter a estabilidade de preços. Este trabalho é fundamental para a prosperidade dos cidadãos europeus.
Nos últimos 25 anos, acolhemos nove novos países na área do euro e de 11 passámos a 20. Assumimos também novas funções, incluindo a supervisão dos bancos europeus. Atualmente, o euro é a segunda moeda mais importante do sistema monetário internacional, a seguir ao dólar dos Estados Unidos.
Atravessámos momentos difíceis ao longo do percurso. Porém, tanto nos períodos altos como baixos dos ciclos económicos sob a liderança dos meus antecessores Wim Duisenberg, Jean‑Claude Trichet e Mario Draghi, o BCE cumpriu sempre a sua missão, sem nunca perder de vista a construção de alicerces mais sólidos para o futuro da Europa.
A pandemia e a injustificada guerra da Rússia contra a Ucrânia demonstraram que a estabilidade não pode ser considerada um dado adquirido. As crescentes rivalidades geopolíticas podem levar a que economia mundial se torne cada vez mais volátil no futuro. Num mundo de incerteza, o BCE tem sido, e continuará a ser, uma âncora de estabilidade fiável.
Demonstrámos que podemos agir e adaptar‑nos rapidamente para enfrentar os mais graves desafios. Decorridos apenas alguns meses da minha entrada em funções como presidente do BCE, respondemos rapidamente à pandemia, na sua fase mais aguda, com uma série de medidas de apoio à economia da área do euro, evitando riscos deflacionistas.
No momento atual, é com a mesma determinação que estamos a agir para reduzir a inflação. Após anos em níveis demasiado baixos, a inflação é agora demasiado elevada e deverá continuar a sê‑lo durante um tempo demasiado longo. Isso deprecia o valor da moeda, reduz o poder de compra e prejudica as pessoas e as empresas em toda a área do euro, em especial os membros mais vulneráveis da nossa sociedade.
Faremos, porém, a inflação regressar ao nosso objetivo de 2% no médio prazo. É por esta razão que aumentámos as taxas de juro a um ritmo sem precedentes e as fixaremos e manteremos em níveis suficientemente restritivos durante o tempo que for necessário, para assegurar o retorno atempado da inflação ao nosso objetivo.
Os acontecimentos recentes no setor bancário recordam‑nos que a missão da política monetária é ajudada por um sistema bancário robusto. A estabilidade financeira é uma condição prévia da estabilidade de preços e vice‑versa. Desde 2014, quando assumimos a supervisão bancária, trabalhamos para manter a solidez dos bancos da área do euro. As autoridades de supervisão bancária, presididas por Andrea Enria, prosseguirão os nossos esforços no sentido de garantir que os bancos estão bem capitalizados, são resilientes à mutação das condições e podem continuar a conceder crédito às empresas e às famílias.
A nossa união monetária foi testada muitas vezes no primeiro quartel deste século. Fomos confrontados com crises que nos poderiam ter destroçado – como foi o caso da grande crise financeira, da crise das dívidas soberanas e da pandemia. Saímos, porém, de cada uma delas, ainda mais fortes. Temos agora de tirar partido dessa força interior.
Com o mundo a tornar‑se mais imprevisível, a Europa pode promover a resiliência em duas frentes. Integrando os seus mercados de capitais, a Europa pode facilitar melhor o investimento nos setores ecológico e digital, que são tão decisivos para impulsionar o seu crescimento futuro. Concluindo a união bancária, podemos assegurar que o setor bancário contribui para atenuar os riscos em futuras crises, em vez de os amplificar.
Simone Veil, antiga presidente do Parlamento Europeu, disse um dia: “precisamos de uma Europa capaz de solidariedade, independência e cooperação”. Esta afirmação capta bem o que o euro simboliza. Em última análise, o euro é mais do que uma moeda. Representa a integração europeia na sua vertente mais forte e uma Europa unida que trabalha em conjunto, protegendo e beneficiando todos os cidadãos.
O BCE será sempre uma pedra angular deste esforço.
O presente texto foi publicado como artigo de opinião em jornais dos 20 países da área do euro.
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